sábado, 5 de junho de 2010

Entendo a Dor no Cotovelo - Parte 4

Como eu já tinha frisado antes, está série de artigos é traduzida de forma adaptada, algumas partes foram tiradas (principalmente algumas referências específicas ao jogo de beisebol – por absoluta ignorância em relação à ele). Repetindo, quem quiser ler no original (http://ericcressey.com/).


Entendendo a Dor no Cotovelo – Parte 4: Protegendo Arremessadores
Eric Cressey

Como apresentado na Parte 3 desta série, não há absolutamente nada saudável relativo à arremessar uma bola de beisebol, visto que o corpo está sendo contorcido em posições extremas, quando o braço acelera no movimento mais rápido já registrado nos esportes. Estas demandas justificam uma abordagem multifacetada para proteger os arremessadores de lesões. À meus olhos, esta abordagem consiste de 4 categorias e é isto que vou cobrir hoje.

1. Evitando uma Mecânica Lesiva de Arremesso

Deixe-me prefaciar esta seção, dizendo que eu não acredito que exista um único modelo mecânico que governa como alguém deve arremessar. Cada um é diferente e características individuais têm de ser levadas em consideração em determinar o que pode ou não ser considerado potencialmente perigoso. Por exemplo, apenas uma pequena parcela da população poderia sequer sonhar em arremessar como Tim Linecum, por causa da mistura ideal de frouxidão congênita e a capacidade reativa que ele possui.



Eu treinei o arremessador canhoto dos Blue Jays, Tim Collins, pelas últimas três temporadas. Em um jogo recente este ano, Tim me apresentou seu bom amigo Trystan Magnuson, um arremessador destro que também está na equipe dos Blue Jays.


Qualquer um que pense que esses dois estão indo arremessar uma bola de beisebol com velocidade e segurança através da mesma mecânica está fora da sua razão. Como um aparte, se você está interessado em assistir ambos arremessando, há algumas cenas decentes dos dois aquecendo AQUI.

Embora nunca possamos esperar que todos os arremessadores se ajustem no mesmo modelo mecânico, nós podemos olhar para a pesquisa (um grande estudo de Werner et al. de 2002 é um excelente lugar para começar) para educar-nos a respeito de certos fatores que predispõem os arremessadores à um stress aumentado no cotovelo. Para começar, levando com o cotovelo aumenta muito o stress em valgo, cerca de 2,5N por grau de adução horizontal que o braço precisa percorrer. O problema com isto, é que cada arremessador de sucesso que você verá leva com o cotovelo em algum grau, então isso torna-se uma questão de “quanto” e “quando”.

Chegar à máxima rotação externa muito cedo aumenta o stress em valgo no cotovelo. De acordo com Fleising et all. (1995), o típico arremessador vai ter 65º de rotação externa no contato do pé na passada. Quanto mais rotação externa se tem, mais stress no cotovelo você verá. Infelizmente, este é um fator contribuinte para a velocidade no arremesso, então estes resultados precisam ser interpretados cautelosamente. Se você tirar esta rotação externa, você pode levar embora alguns quilômetros por hora. Isto vale também para abdução horizontal.

Problemas na sequência dos movimentos também podem causar estragos no cotovelo. Arremessadores que abrem o movimento cedo demais, tendem a deixar o braço atrás do corpo, aumentando o stress em valgo no processo e tornando mais difícil conseguir uma boa contribuição da metade inferior.

Da mesma forma, os indivíduos que permanecem fechados e arremessam através do seu corpo podem acabar com problemas na região medial do cotovelo. Se um arremessador maximiza a rotação interna do ombro e a protração escapular vindo através do corpo, a única escolha para continuar a obter esta amplitude de movimentos é o cotovelo. Se você criar mais amplitude de movimento você tem de desacelerar mais a amplitude de movimento.

Este último ponto abre uma breve porém importante decisão. Muitos arremessadores permanecem fechados para melhorar a capacidade de enganar o adversário. Outros usam para ajudá-los a obter o efeito de curva descendente na bola.



Mudar esta mecânica pode tirar tudo que torna esses arremessadores bem sucedidos, então temos que olhar para os outros 3 fatores para prepará-los fisicamente e protegê-los desses stresses. É como assegurar-se de dar um capacete à um cara que está indo bater a cabeça na parede!

Encontrar a mecânica correta é importante para jogadores infantis e profissionais – e é o primeiro passo para proteger o cotovelo em uma situação de jogo. Como nós percebemos que os muitos problemas que aumenta o stress no cotovelo são os mesmos que:
a) Aumentam a velocidade do arremesso
b) São muitas vezes demonstrados pelos arremessadore de elite.
Assim percebemos novamente, quão não natural é arremessar uma bola de beisebol.

2. Evitando Uso Excessivo Agudo ou Crônico

Um de nossos garotos do ensino médio realizou 188 arremessos em um jogo semana passada. Eu gostaria de pensar que sou muito bom, mas não posso fazer nada para manter este garoto saudável, se o seu treinador pede a ele para fazer isso repetidas vezes.

Arremessadores fadigados colocam mais stress em seus braços. Existe menos inclinação de tronco na liberação da bola quando a parte inferior do corpo torna-se mais cansada. E frequentemente o cotovelo cai.

Quase todos os casos de dores no cotovelo que vieram até nós, têm sido mal geridos em termos de contagem de arremessos – agudos, crônicos, ou ambos. Eles acham que podem arremessar o ano inteiro. A pesquisa está lá fora e a resposta é muito clara: existe somente muito stress no braço – especialmente no braço de um esqueleto imaturo.



3. Estar Fisicamente Preparado para Arremessar de Forma Crônica

Este é o tópico sobre o qual eu mais tenho escrito, e ele abrange tudo que eu escrevi em relação ao treinamento de força para arremessadores e trabalho focando a flexibilidade, sem mencionar minha absoluta aversão à corridas de longa distância para arremessadores. Longa história curta, arremessar uma bola de beisebol é uma ação que cobra um tributo do corpo, se você não está funcionalmente em forma para arremessar, você está apenas pedindo por uma lesão.

4. Estar Fisicamente Preparado para Arremessar de Forma Aguda

Este é um componente muito negligenciado, não só permanecer saudável, mas também ter um desempenho em alto nível. Estou impressionado com a quantidade de jovens arremessadores que chegam ao campo e vão direto arremessar. Em outras palavras, eles arremessam para aquecer.

Nós ensinamos os nossos atletas. “ Você aquece para arremessar; você não arremessa para aquecer”. Eu passei os últimos 58 parágrafos (acrescente ou tire alguns) descrevendo quão incrivelmente estressante o movimento de arremesso é, ainda que alguns garotos mal possam esperar para entrar direto nisto, antes de aumentar sua temperatura corporal, otimizar a amplitude de movimento articular, ativar conexões neuromusculares chave, ou fazer qualquer coisa que vagamente se assemelhe com uma transição do repouso para o exercício apropriada. Nós encorajamos nossos atletas a fazer de 8-10 exercícios de flexibilidade dinâmica seguidos por algumas fáceis progressões de piques, antes mesmo de pegarem a bola.



Não é apenas sobre o que fazer antes de uma “saída” (N.T: Outing no original). É também sobre o que fazer nas 24h depois de uma apresentação que determina como você vai se recuperar em uma “saída” subsequente. Enquanto os idiotas por aí estão fazendo “flush runs”, eu me preocupo em, após o início, em recuperar amplitude de movimento perdida. Reinold et al. descobriram que arremessadores perdem amplitude de movimento na rotação interna do ombro e na extensão do cotovelo durante a temporada competitiva, quando uma rotina adequada de alongamento não é implementada. Não é surpresa quando você leva em consideração o stress esmagador que é posto nos rotadores externos do ombro e nos flexores do cotovelo, na tentativa de desacelerar a velocidade louca que nós vemos no beisebol. Como tal, seguido a uma “saída”, a primeira coisa que nós queremos que nossos caras façam é recuperar a amplitude de movimento de seus ombros e cotovelos ( e ter os quadris sltos). Existem alguns atletas que não precisam alongar em rotação interna, então, cuidado ao usar isto como uma recomendação geral (mais em nossos dvds Optimal Shoulder Performance).

Para um pouco mais de informações sobre o que nós recomendamos aos nossos arremessadores entre “saídas”, confira A New Model for Training Between Starts: Part 2.

Para terminar, uma nota importante que eu deveria fazer é que arremessadores raramente se machucam por causa de apenas um destes fatores; é geralmente a combinação de todos eles. Então, quando avaliar a saúde e a performance de um arremessador, certifique-se de ter uma ampla perspectiva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário