segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Princípios do Movimento - Número 7

Este talvez seja um dos princípios mais fáceis de compreender, além de ser um princípio que procuro seguir no momento em que planejo meus treinos. 
Aos que não leram ainda os capítulos anteriores aqui vão os links:
- Princípios do Movimento #1
- Princípios do Movimento #2
- Princípios do Movimento #3
- Princípios do Movimento #4
- Princípios do Movimento #5
- Princípios do Movimento #6

Princípios do Movimento #7
Gray Cook

Princípio 7: "Não deveríamos colocar condicionamento físico (fitness) sobre disfunção"

É possível que pessoas condicionadas se movam mal e que pessoas não condicionadas se movam bem. Nós medimos quantidade de condicionamento e qualidade de movimento com diferentes ferramentas. Esquecemos disso muitas vezes e assumimos que condicionamento físico é o parâmetro fundamental, mas não é.

Condicionamento físico e performance ou capacidade física é o segundo de um processo de três passos. Quando discutir a informação deste livro (N.T: Refere-se ao livro Movement, onde estes princípios do movimento foram publicados originalmente) com colegas de profissão, profissionais de outras áreas, clientes ou pacientes, mantenha isto simples a princípio. Certifique-se de estabelecer concordância com relação aos fundamentos. Se existir um problema de entendimento com relação à lógica básica dos sistemas de movimento funcionais (N.T: do original functional movement systems que além de ser o nome da empresa, representa sua abordagem em relação à movimento, treinamento, etc.), há pouca chance de criar um entendimento com relação às partes corretivas do modelo. As pessoas precisam entender o básico da abordagem da pirâmide (N.T: refere-se ao modelo da pirâmide de performance, onde a base representa os padrões de movimento básicos, o meio às capacidades físicas e o topo às diversas habilidades esportivas=especificidade de cada modalidade. Mais detalhes do modelo da pirâmide no "Princípios do Movimento - parte 8". Reproduzo o modelo da pirâmide abaixo). 




Tenho usado esta afirmação (N.T: não pôr força sobre disfunção); E tenho ouvido muitas pessoas repetirem-na e atribuírem-na a mim. Acho que eu a criei um dia, mas carrego as idéias de muitas outras pessoas além das minhas.

A única prática que vale alguma coisa é a que não reproduz erros contínuos e não-controláveis. Se você tem um padrão de avanço (N.T: lunge no original) ruim do lado esquerdo e colocar sobrecarga nele, passando do ponto onde representa apenas um desafio,  passando a ser difícil demais, seu cérebro muda para o modo: "eu tenho de sobreviver a isto".

Seu cérebro esquece de se mover com integridade e equilíbrio e entra em modo de sobrevivência. Você sobrevive à carga, mas não tira benefício dela. Você não aprende e nem ganha nenhum benefício motor.

Vemos aquele padrão ruim do avanço e pensamos: "tenho que melhorar esse avanço". Colocamos sobrecarga nele e de repente a carga extra provoca uma melhora. Pensamos então que estamos tendo algum tipo de benefício, de alguma maneira, mas o que realmente estamos fazendo é reproduzir uma compensação sob carga.

A carga da qual estamos falando é peso, velocidade, ou amplitude excessiva de movimento. Se não houver um nível mínimo de competência ou algum grau de integridade quando colocamos um estímulo estressor desnecessariamente, reforçaremos o que quer que haja de errado. O stress reforça as "coisas" em organismos biológicos. O que não te mata pode deixa-lo mais forte, mas pode deixá-lo mais forte na direção errada.

Se você está agachando errado e isto não está lhe matando, pode ser que este agachamento deixe seus espasmos nos flexores de quadril mais fortes. Pode tornar pior sua lordose acentuada ou tornar mais difícil de corrigir seus ombros arredondados.

Quando se começa uma sessão de treino com uma disfunção oculta lembre-se disto: 
" O Exercício é a prova de fogo, precisamos otimizar a situação e depois temperar o aço, não fazemos isso de outra forma".

É isto que está mais ou menos por trás deste princípio. Não é uma contradição. Quando falo de exercícios corretivos , existe um monte de carga ou stress, porque devemos aprender a controlar o peso corporal. Controlar o equilíbrio sem sobrecarga externa é natural. Todos fazemos isto desde que aprendemos a caminhar.

O que não é natural é colocar sobrecarga em um agachamento que não possui a integridade de movimento. Não existe uma situação em que um bebê poderia pensar: 
- Não consigo realmente agachar tão bem no momento, talvez colocar aquela mochilinha nas costas possa ajudar.

Esta é outra forma do que estamos fazendo na academia quando jogamos quantidade no intuito de melhorar a qualidade de movimento. Se você quer melhorar a qualidade, melhore a qualidade. Se quer reforçar a qualidade jogue quantidade.

Isto me lembra outro assunto.
Quando Brett Jones e eu dissecamos o Turkish Get Up no dvd Kettlebells from the Ground Up, nossa intenção não foi colocar todo mundo a fazer get ups leves. A ideia era, se você tiver um get up com uma qualidade menor do que a ideal, então pegue pesos leves até que recapture a integridade do movimento. Então pegue pesado, porque esta é a melhor maneira de verificar se você consegue sustentar integridade e dominar a qualidade do movimento.


Turkish Get Up - 36 kg


Uma vez que a qualidade se encontra em uma base aceitável, comece a explorar novos níveis de quantidade - força, velocidade, resistência - e veja se consegue manter um nível mínimo de qualidade.

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