segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Princípios do Movimento - Número 9

Penúltimo capítulo da saga no ar, este com a participação do meu amigo Prof. Rodrigo Nascente
Aos que não leram ainda os capítulos anteriores, aqui vão os links:
- Princípios do Movimento #1
- Princípios do Movimento #2
- Princípios do Movimento #3
- Princípios do Movimento #4
- Princípios do Movimento #5
- Princípios do Movimento #6
- Princípios do Movimento #7
- Princípios do Movimento #8

Boa leitura aos amigos.

Princípios do Movimento #9
Gray Cook

Princípio 9: "A dosagem da receita de exercícios corretivos sugere que trabalhemos perto dos parâmetros, no limite da habilidade e com um objetivo claro. Isso deveria produzir uma experiência sensorialmente rica, preenchida com erros administráveis" 

Nosso real objetivo é o conhecimento silencioso - sem palavras, apenas melhor percepção e comportamento do movimento. Em The Voice of Knowledge (N.T: Seria algo como A Voz do Silêncio em português), o ex-médico Miguel Ruiz discute o conhecimento silencioso do corpo com eloquência e clareza. Ele declara: - Seu fígado não precisa ir a escola de medicina para saber o que fazer.






Podemos expandir esta simples e brilhante declaração sobre os sistemas de movimento também. Estes sistemas usam naturalmente suas percepções para criar comportamentos e seus comportamentos para refinarem suas percepções. Seus abdominais, diafragma e assoalho pélvico sabem o que fazer e como trabalharem juntos se você deixar. Por isto que não precisamos fazer um trabalho especializado de core com crianças. Sua curiosidade natural direciona à exploração, e sua falta de controle de movimento exige coordenação ao saírem para explorar o mundo ao redor. Então a exploração requer movimento, e elas trabalham no movimento para conseguirem explorar. 

Quando seus clientes e pacientes aparecem em cena com disfunções de movimento, você não pode abandoná-los à mãe natureza, porque por muito tempo eles tem trabalhado contra ela. Afim de ajudá-los é preciso quebrar um comportamento e reiniciar uma experiência. A partir da experiência você irá desenvolver a estratégia correta.

Erros administráveis significam erros administrados por pessoas aplicando exercícios. Esses erros não serão administrados se dispararmos um sinal de alerta a cada vez que o indivíduo balançar ou não estiver muito firme. Erros administráveis significam que embora o movimento não pareça lá muito bonito, esse indivíduo não está alimentando uma disfunção.
Todo propósito de se aplicarem exercícios corretivos é melhorar a qualidade do movimento em um padrão em particular. Por que se dar ao trabalho de fazê-lo quando não há um parâmetro qualitativo de movimento?

Isto me lembra minha estória. Eu já estava dando palestras ensinando exercícios funcionais e corretivos antes de ter inventado o FMS (N.T: Functional Movement Screen ou em uma das adaptações para a a nomenclatura em língua portuguesa: Análise 
Funcional de Movimento). De repente uma luz se acendeu na minha cabeça. Eu olhei para as 50 pessoas que me olhavam de volta em busca de conselhos sobre exercícios corretivos e treinamento funcional e pensei: - Meu Deus, eles não tem as mesmas medidas para analisarem qualidade de movimento. 

O que pensei foi: - Eu tenho essas ideias a respeito do que movimentar-se bem significa, mas ainda não tenho uma padronização. Temos de padronizar o que significa qualidade mínima de movimento.

Existem muitas pesquisas que dão suporte à Análise de Movimentos. A maioria das pesquisas dizem que as pessoas deveriam ser capazes equilibrarem-se sem muito movimento postural (N.T: No sentido de movimentos exagerados em busca de manter o equilíbrio) por 10 a 20 segundos em uma base unipodal. Bem, para realizar o passo sobre a barreira leva-se de 3 a 5 segundos (N.T: Passo sobre a barreira, hurdle step no original em inglês, é um dos 7 testes que compõem o FMS). Se o indivíduo não consegue ao menos realizar o passo sobre a barreira, estou totalmente convencido que este indivíduo possui uma postura unipodal disfuncional ou não tem mobilidade suficiente para ultrapassar a barreira.
Passo sobre a barreira (hurdle step)

Não importa muito qual desses problemas o indivíduo tem - ele tem um problema naquele padrão de movimento. Se eu for corrigir este padrão de movimento, agora eu sei quão ruim o problema é e temos uma escala de classificação para seu problema. Tudo que eu fizer com a esperança de melhorar sua postura unipodal ou a mobilidade da perna que ultrapassa a barreira, estará focada no que pode o estar impedindo de realizar o passo sobre a barreira (N.T: Ou seja, temos um parâmetro, no caso do exemplo o padrão é o passo sobre a barreira, pode-se aplicar uma estratégia, retestar e ver o que realmente funciona).

Uma das perguntas que sempre me fazem é: - De onde você tira todas essas inovações em exercícios? De onde tira todas essas idéias e como é que eu nunca vi alguém usar chops, lifts (N.T: Chop é a diagonal de cima para baixo e lift a diagonal de baixo para cima, como mostrados na figura abaixo) e levantamentos terra unilaterais assim antes?


Chop e lift


Levantamento terra unilateral


Não é porque eu iniciei pensando como penso hoje. Eu costumava fazer o que todos eramos ensinados a fazer. Mas uma vez que estabeleci um parâmetro para a qualidade de movimento eu estive sempre tentando me ater a estes parâmetros, eu percebia algo que supostamente deveria melhorar o agachamento, mas que na realidade não melhorava. Algo que supostamente deveria melhorar a mobilidade de ombros, mas que não durava. Eu tinha este gênio no meu ombro dizendo: - Ei você tem está analise de movimento. Você está jogando todos estes bem definidos e claros exercícios, porém estes não estão mudando o movimento.

Então eu alcancei um dilema profissional. Então eu tinha que ou jogar o FMS no lixo porque estava me dizendo a coisa errada, ou questionar toda uma filosofia de exercícios. 
E sabe do que mais? Eu não acho que o FMS esteja realmente pedindo tanto.

Normalmente existe muita dificuldade com o FMS, mas quando analisamos isso em teoria, não deveria ser assim tão difícil. Levante uma perna, agache profundo, dê um passo por sobre uma corda, coce suas costas (N.T: se refere às tarefas a serem realizadas nos 7 testes do FMS). Estas coisas não são assim tão difíceis. 

Nos tornamos tão míopes em nosso treinamento ou tão especializados e perdemos um certo aspecto de nossa mobilidade física. De repente: - Oh meu Deus. Como obtemos isso de volta?

Se você realmente considerar o que melhora e o que não melhora o movimento, começará a desenvolver exercícios da mesma forma que eu fiz. Eu bani todos exercícios que não me dessem uma rápida ou apreciável mudança em um padrão de movimento. 

2 comentários:

  1. Parabéns Marcus Lima, espero que após terminar esta saga, as traduções dos princípios do Movimento, continue as postagens com assuntos interessantes e que geram uma boa reflexão. Tenho lido o blog e está sendo bem produtivo indicado pelo colega Tiago Proença que também está sempre em busca de conhecimentos e valorização da Educação Física. Mais uma vez parabéns e até a próxima leitura! Um Abraço! Joao

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  2. Com certeza as adaptações de textos continuarão João Francisco.
    Grande abraço.

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