terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Subsistema Oblíquo Posterior

Continuando com a adaptação da série dos subsistemas, desta vez apresentando o Subsistema Oblíquo Posterior.

Aos que não leram os artigos anteriores:
Subsistema Longitudinal Profundo.

Subsistema Oblíquo Anterior.
- Subsistema Lateral.

Link do artigo original: Posterior Oblique Subsystem  





Subsistema Oblíquo Posterior

Brent Brookbush


O Subsistema Oblíquo Posterior é composto por:
  • Latíssimo do Dorso
  • Fáscia Toracolombar
  • Glúteo Máximo Contralateral
  • Glúteo Médio
  • Nota: O glúteo médio não é tradicionalmente visto como parte do Subsistema Oblíquo Posterior. No entanto, baseado nas minhas considerações de anatomia, função, pesquisas disponíveis e observações na prática, adicionar este músculo ao subsistema adiciona congruência ao nosso entendimento de sinergias musculares, comportamento motor e modelos preditivos de problemas de movimento. 

(N.T: Abaixo, uma outra representação do Subsistema Oblíquo Posterior, esta dá uma ênfase à articulação sacroilíaca, que é parte deste subsistema).
Glúteo máximo, Latíssimo do dorso, fáscia toracolombar, articulação sacroilíaca


Dissecação do latíssimo do dorso, fáscia toracolombar, glúteo máximo e porção superior ou glúteo médio



Função (resumida):

Estabilização da cadeia cinética posterior (incluindo a coluna lombar e a articulação sacroilíaca), transferência de força entre as extremidades superior e inferior, movimentos integrados (todo corpo) de puxar, "rotação externa" da cadeia cinética, desaceleração da pronação do corpo.


(N.T: Quando se refere à rotação externa do corpo, ou supinação global, diz respeito ao movimento de giro, como quando um jogador de futebol está de costas para o gol adversário, gira e corre em direção ao gol. A pronação global, ou rotação interna, seria o movimento contrário.
Outra função 
do Subsistema Oblíquo Posterior é a sua contribuição na marcha, mais especificamente na propulsão do corpo à frente, o que caracteriza sua função concêntrica durante o ciclo da marcha. Na foto abaixo, o subsistema oblíquo posterior esquerdo, latíssimo do dorso esquerdo e glúteo máximo direito, têm a responsabilidade de impulsionar o corpo à frente).




Artrocinemática Funcional:

Este subsistema é um importante estabilizador da cadeia cinética posterior. O arranjo especial de suas fibras implica um papel especial na artrocinemática da articulação sacroilíaca e função lombosacral.

As fibras de cada lado correm perpendiculares; começando no glúteo máximo e fáscia associada, cruzando a articulação sacroilíaca através da quase contínua fáscia toracolombar, seguindo cruzando a coluna lombar até o latíssimo do dorso do lado oposto e sua fáscia associada.

Durante a fase de balanço da marcha, o controle excêntrico da perna e braço oposto (N.T: Função de desaceleração ou de "freio"), puxa a fáscia toracolombar, fazendo com que fique tensa. Concorrentemente, o subsistema oblíquo posterior do lado oposto (perna e braço oposto) contrai de maneira concêntrica, a partir do primeiro contato do calcanhar, através da fase de apoio, culminando com a saída do hálux do solo, o que por sua vez faz com que a fáscia toracolombar do lado oposto fique tensa (N.T: Função concêntrica ou de aceleração).
Quanto mais intenso (maior velocidade) for o movimento, maior a força colocada sobre  a fáscia toracolombar e maior a rigidez desta estrutura. Este fenômeno assegura estabilidade da coluna lombar, articulação sacroilíaca e melhora a transferência de força de proximal para distal.

A função otimizada do subsistema oblíquo posterior para estabilização do complexo lombosacral desempenha um papel especial na manutenção de uma postura ideal e será discutido abaixo em relação ao comportamento motor. Isto pode nos dar uma dica do porque dor e disfunção são tão comuns em uma articulação sacroilíaca "estruturalmente" estável.


(N.T: Na foto acima, a linha amarela mostra a função excêntrica daquele subsistema oblíquo posterior, ajudando a desacelerar o balanço da perna esquerda e braço direito. A linha vermelho mostra o outro subsistema oblíquo posterior desempenhando um função concêntrica, auxiliando na propulsão da perna direita e braço esquerdo, o que faz com que o corpo seja impulsionado à frente).



Função Integrada:

Os músculos que compõe o subsistema oblíquo posterior estão entre os maiores do corpo. Como mencionado acima, estes músculos desempenham um papel na transferência de força entre as extremidades inferior e superior e estão envolvidos em todos padrões de movimento de puxar e rotacionais. Alguém poderia argumentar que esta função não é tão importante quanto sua função concêntrica. Estes músculos funcionam como desaceleradores da "pronação global do corpo" (flexão e rotação da coluna, flexão, adução e rotação interna do quadril). A cada vez que aterrissamos de um salto, somos empurrados pelas costas, damos um passo fora do meio fio da calçada ou nos abaixamos para pegar algo do chão, é este subsistema, junto com o subsistema intrínseco de estabilização que assegura uma estabilidade ideal de nosso complexo lombopélvico/quadril.


Comportamento Motor:

O Subsistema Oblíquo Posterior pode ser apelidado como: "O subsistema quase sempre hipoativo". 
Este subsistema aparece sub-ativo em disfunções:

Comumente, a hipoatividade deste subsistema é acompanhada por uma dominância sinergística do subsistema longitudinal profundo e em casos de disfunções do membro superior e da parte inferior da perna é ainda inibido pela dominância do subsistema oblíquo anterior.

A evidência da dominância do subsistema longitudinal profundo pode resultar em joelhos para dentro, joelhos para fora, pés em rotação externa ou uma distribuição de peso assimétrica na avaliação do agachamento profundo com os braços acima da cabeça (N.T: Overhead squat), onde a dominância do subsistema oblíquo anterior pode resultar em uma cifose excessiva, flexão da coluna ou uma inclinação excessiva do corpo a frente, especialmente quando os braços estão para baixo. 

A dominância do subsistema oblíquo anterior e a hipoatividade do subsistema oblíquo posterior são mais dramáticas em indivíduos que exibem disfunção do membro superior, e aqueles que se apresentam com disfunção da parte inferior da perna que resulta em uma excessiva inclinação à frente. 

Em uma ligeira variação do comportamento motor acima, aqueles indivíduos que exibem uma inclinação pélvica anterior irão apresentar sub-atividade de ambos os subsistemas: Oblíquo Anterior e Oblíquo Posterior. 
Subsistemas Oblíquo Posterior e Anterior

Tenho tido mais sucesso em casos de inclinação pélvica anterior usando exercícios de integração do subsistema oblíquo anterior; no entanto, não é incomum corrigir o alinhamento do quadril e região lombopélvica, usando estes exercícios, e acabar resultando em uma inclinação excessiva do tronco à frente. Nestes casos, é apropriado colocar exercícios de integração do subsistema oblíquo posterior após os de integração do subsistema oblíquo anterior.

Ao que parece, os únicos indivíduos que exibem hiperatividade do subsistema oblíquo posterior são aqueles que se apresentam com uma inclinação pélvica posterior e aqueles que demonstram uma inclinação à frente inadequada durante agachamentos e quando vão pegar um objeto do chão. Embora estas disfunções sejam relativamente raras, pode ser vista em indivíduos com um histórico de dor, cirurgias ou lesões na coluna lombar.



Um novo membro do Subsistema:

A aponeurose glútea é um espessamento da fáscia que se estende da crista ilíaca posterior até o glúteo máximo e parte do glúteo médio. 
Esta fáscia tem fascículos que têm uma direção contínua com as fibras superficiais da aponeurose toracolombar, assim como as fibras laterais da inserção fascial do latíssimo do dorso na parte posterior do ílio. Assim, podemos inferir que o glúteo médio é uma parte integral deste subsistema integrado do núcleo (N.T: Núcleo, tradução da palavra inglesa "core"), recrutado sinergisticamente em resposta à ativação dos receptores sensoriais neste tecido fascial, por meio da tensão criada na área.

Em essência, a fáscia toracolombar age como uma placa mãe para receptores sensoriais que controlam a tonicidade reflexa (N.T: Controle automático do tônus muscular, ou seja, do seu estado de tensão) e a sinergia dos músculos que se inserem neste revestimento fascial, com o glúteo médio sendo um deles.
Fáscia toracolombar


Secção transversa de uma vértebra lombar, mostrando as camadas de fáscia e músculos associados


Além disso, consideramos a função integrada do subsistema oblíquo posterior e a do glúteo médio; a ação mecânica de todos estes músculos contribuem para todas as funções discutidas acima:
  • Desaceleração excêntrica da pronação global do corpo.
  • Rotação externa global da cadeia cinética (N.T: Função concêntrica).
  • Manutenção do alinhamento das articulações lombosacrais.
  • Manutenção do alinhamento femoral durante ações de pernas combinadas com puxadas.



Subsistemas, Disfunção Postural e Seleção de Exercícios Integrados:

Os resumos abaixo são destinados à uma referência rápida, na prática, e não ilustram todos os possíveis cenários.
(N.T: Os quadros abaixo são os mesmo apresentados nos artigos anteriores sobre os subsistemas).

Atividades dos Subsistemas Baseado na Disfunção Postural:













     

Efeito no Exercício:







                                          

Resumo:











                           

Seleção de Exercícios:

Se a avaliação de movimento se apresenta com sinais de hipoatividade do Subsistema Oblíquo Posterior, considere as seguintes mudanças no seu programa de exercícios.

Núcleo:
Use progressões de pontes como parte de sua rotina de fortalecimento do glúteo máximo (N.T: Um fortalecimento mais isolado, se podemos usar esta expressão, já que não existem ações isoladas. O termo "mais restrito" ficaria bem, em oposição a um trabalho mais integrado). Se o subsistema oblíquo anterior é dominante, talvez seja benéfico limitar ou omitir abdominais tradicionais, pranchas e progressões de chops (N.T: Falamos sobre progressões de chops no artigo sobre o subsistema oblíquo anterior, exercícios com ações diagonais).



Integração do Subsistema:
Os exercícios usados para integração desse subsistema podem ser resumidos em "Pernas com Puxadas" (N.T: Alguma ação das pernas integrada com remadas, um agachamento ou avanço com remada seriam exemplos de progressões que podem ser usadas).
Lunge (avanço, passada ou afundo) reverso com remada



Treinamento Resistido: 
Não existe diferença entre os exercícios selecionados para Integração do Subsistema e os Movimentos Globais usados no Treinamento Resistido.

Sugestões para o treino resistido:

 Globais: Pernas com puxada.
 Costas: Puxadas, em pé ou em base pronada (N.T: Isto é, deitado de barriga para baixo).
 Peitoral: Devido ao potencial de dominância do subsistema oblíquo anterior, talvez seja necessário colocar um suporte para as costas nos movimentos. Ex: Supino com halteres feito deitado no banco, ao invés de um supino no cabo feito em pé.

  • Se você escolher usar o mesmo exercício para ambos (Integração dos Subsistemas e Movimentos Globais), então o último exercício do aquecimento será o primeiro do programa de treinamento resistido; sem a necessidade de repetir séries.

  • Se o cliente já solucionou a maioria das suas disfunções, você pode adicionar outros padrões de movimento globais que podem ou não estarem relacionados com sua disfunção de movimento.

  • Poderíamos dizer que uma vez que seja completado um aquecimento integrado; o conhecimento da avaliação de movimento e dos subsistemas irão influenciar, e não ditar, a seleção dos exercícios resistidos.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Subsistema Lateral

Dando continuidade à série dos subsistemas, desta vez apresentando o Subsistema Lateral.

Aos que não leram os artigos anteriores:
Subsistema Longitudinal Profundo.

- Subsistema Oblíquo Anterior.

Link do artigo original: Lateral Subsystem.  






Subsistema Lateral

Brent Brookbush


O Subsistema Lateral é composto por:

  • Glúteo Médio
  • Adutores
  • Quadrado Lombar Contralateral
  • Tensor da Fáscia Lata
  • Nota: O tensor da fáscia lata não é tradicionalmente visto como parte do Subsistema Lateral. No entanto, baseado nas minhas considerações de anatomia, função, pesquisas disponíveis e observações na prática, adicionar este músculo ao subsistema adiciona congruência ao nosso entendimento de sinergias musculares, comportamento motor e modelos preditivos de problemas de movimento. 

(N.T: A imagem abaixo mostra uma outra representação desse subsistema. Com a adição do tensor da fáscia lata)




Função (resumida):

Estabilização no plano frontal do Complexo Lombopélvico/Quadril, transferência de força entre as extremidades superior e inferior, papel ativo em todos padrões integrados (que usam o corpo todo) no plano frontal e em padrões de movimento unipodais (N.T: Em uma perna só, como quando nos apoiamos em uma perna ao subir em um degrau por exemplo)





Artrocinemática Funcional:

Este subsistema desempenha um papel chave no bom alinhamento da articulação do quadril, pelve, articulação sacroilíaca e coluna lombar. Mais notadamente na manutenção da pelve neutra no plano frontal, com a coluna perpendicular à ela. Este subsistema provavelmente é mais ativo durante padrões de movimento unipodais e no plano frontal.

A incapacidade do subsistema lateral de manter estas posições, resulta em flexão ipsilateral da coluna, depressão da pelve contralateral (ponto de referência: crista ilíaca) e adução relativa do fêmur ipsilateral. 

(N.T: Tomemos como ponto de referência os adutores e abdutores da figura acima. Então quando falarmos em ipsilateral, isto é, do mesmo lado, estaremos nos referindo ao lado esquerdo da figura acima, que é onde estão os adutores/abdutores. Quando nos referirmos a contralateral, isto é, o lado contrário, estaremos nos referindo ao lado direito da figura.
Quando ele fala em adução relativa do fêmur, está se referindo a "movimento relativo" do fêmur em relação à pelve. O fêmur não move, mas a queda da pelve faz com que ele "em relação à pelve", esteja aduzido).

Isto tudo resulta em uma disfunção artrocinemática, incluindo:
- Compressão das articulações facetárias e discos intervertebrais ipsilaterais.
- Rotação e deslizamento da articulação sacroilíaca.
- Deslizamento superior da cabeça do fêmur no acetábulo.
                                           
A disfunção do subsistema também pode resultar em "colapso em valgo" dos joelhos (inibição no glúteo médio e dominância sinergística dos adutores anteriores), ou em um "varo" (dominância dos adutores magnos posteriores) durante os movimentos, incluindo a avaliação do agachamento com os braços acima da cabeça (N.T: O que os americanos chama de "Overhead Squat Test"). A propósito, isto pode levar à um encurtamento adaptativo da cápsula articular posterior e inferior, contribuindo ainda mais para o deslizamento superior e anterior da cabeça do fêmur no acetábulo.

Patologias comuns que podem resultar destas disfunções, incluem:
- Síndrome do impacto no quadril.
- Estiramentos musculares nos adutores.
- Mudanças degenerativas do labrum.
- Através do tempo, alterações osteoartríticas da superfície anterior e superior do acetábulo.

Sinal de Trendelenburg positivo - Notar a queda do quadril direito, resultando numa adução relativa do fêmur esquerdo e a flexão lateral da coluna para a esquerda
(N.T: Sinal de Trendelemburg positivo é quando o quadril cai para o lado da perna que está no ar, quando estamos apoiados em uma perna só)


Função Integrada:

Embora fiquemos tentados a considerar a flexão (lateral) e movimentos laterais como a função primária desse subsistema, ele serve à um propósito mais importante. Flexão lateral e movimentos laterais simplesmente não compõem uma porção muito grande de nossos movimentos diários para serem considerados uma grande preocupação para a maioria dos indivíduos. No entanto, o subsistema lateral funciona como estabilizador primário para estabilização do complexo lombopélvico/quadril. Todas atividades unipodais (N.T: Apoiado em uma perna somente) nos planos sagital, frontal e transverso irão criar uma necessidade de estabilidade do complexo lombopélvico/quadril no plano frontal. Quando o subsistema lateral está disfuncional, podemos notar uma inclinação do quadril, queda no quadril oposto (Sinal de Trendelenburg positivo), joelhos para dentro ou para fora durante posturas estáticas e dinâmicas. É papel desse subsistema manter um alinhamento e postura ideais para assegurar uma relação comprimento/tensão apropriada, eficiência neuromuscular e artrocinemática ideais. (N.T: Relação comprimento/tensão: O músculo tem um comprimento ideal para poder gerar o máximo de tensão. Se ele se encontra alongado ou encurtado em demasia no começo da contração, não irá gerar a quantidade ideal de tensão, ou seja, menos força será produzida).
A função integrada deste subsistema pode ser resumida como:
"Manter a coluna reta, pelve nivelada e fêmur alinhado" 

A falha do subsistema lateral (na figura representado apenas pelo glúteo médio) levando à queda do quadril oposto, o esquerdo nesse caso, elevação do quadril direito, adução relativa do fêmur direito e flexão lateral da coluna para a direita

A falha no subsistema lateral também pode afetar a posição dos joelhos


Comportamento Motor:

O subsistema lateral pode ser apelidado de "Subsistema Vítima" já que ele frequentemente se torna disfuncional como resultado de problemas em outros subsistemas e/ou discinesia da coluna lombar, articulação sacroilíaca ou quadril. Ele frequentemente faz par com o Subsistema Posterior Oblíquo que se encontrará sub-ativo e com o Subsistema Longitudinal Profundo que se encontrará hiperativo. 

Geralmente, disfunção neste subsistema leva à dominância sinergística do quadrado lombar, tensor da fáscia lata e adutores. A propensão do quadrado lombar de tornar-se hiperativo parece ser reforçada pela relação com a articulação sacroilíaca que se torna "presa" ou deslocada (Mais sobre disfunção da articulação sacroilíaca nesse artigo: Sacroiliac Joint Dysfunction) resultando em uma hiperatividade reflexa desse músculo.  

Seja por meio de uma inibição recíproca alterada estimulada pelos adutores
(N.T: Os músculos trabalham em conjunto para produzir movimento, enquanto alguns devem contrair para produzir movimento, outros contrair para estabilizar determinadas articulações, enquanto outros devem relaxar para permitir movimento. Quando há uma alteração nessa coordenação, um ou mais músculos se tornam dominantes. Geralmente se referem à inibição recíproca dando o exemplo de um músculo que deve contrair enquanto outro deve relaxar, como no caso de uma flexão de cotovelo: Bíceps deve contrair e o tríceps deve relaxar. Porém o conceito é mais amplo, dada a complexidade envolvida no movimento).


ou um atraso na ativação do glúteo médio em relação à um tensor da fáscia lata hiperativo, a disfunção no subsistema lateral quase sempre resulta em hipoatividade do glúteo médio, e isto é comumente notado durante a avaliação sob a forma de um Sinal de Trendelenburg positivo - A inabilidade de manter a pelve neutra durante a postura unipodal.
Como mencionado em um artigo sobre o quadrado lombar (N.T: Artigo: Quadratus Lumborum), hiperatividade dos estabilizadores globais provavelmente resultam em inibição 
do Subsistema Intrínseco de Estabilização (N.T: Inibição é um termo corrente usado pelos praticantes do Método NKT para se referir à músculos que sofrem de hipoatividade, atraso de estabilização ou qualquer outro sinônimo que indique um estado não ideal da função muscular). 


Resumo das Disfunções no Subsistema Lateral:

  • Dominância Sinergística:
  • Quadrado lombar
  • Adutores
  • Tensor da fáscia lata
  • Inibição:
  • Glúteo médio
  • Subsistema intrínseco de estabilização 

Em disfunções do membro superior, o subsistema lateral raramente desempenha algum papel; no entanto, existem alguns cenários em que este subsistema pode ser afetado. Em alguns casos de disfunção do membro superior, a hipoatividade do subsistema intrínseco de estabilização leva à hiperatividade dos músculos globais de estabilização do tronco.
(N.T: Na realidade, uma crença mais recente entre os praticantes do Método NKT, como o autor desse artigo, é a de que os músculos hiperativos levam a hipoativação de outras funções musculares. O que neste cenário descrito pelo autor seria: "Em alguns casos de disfunção do membro superior, a hiperatividade dos músculos globais de estabilização do tronco levam à hipoatividade do subsistema intrínseco de estabilização". O contrário do que o autor colocou).
Dentre estes estabilizadores globais, se incluem: O latíssimo do dorso, Subsistema oblíquo anterior e o Subsistema lateral.
Os adutores sendo parte dos subsistemas lateral e oblíquo anterior, junto com o quadrado lombar (propensão a se tornar hiperativo) fazem com que isso seja um problema para indivíduos com um longo histórico de disfunção do membro superior. 

Um segundo cenário, envolvendo o subsistema lateral em disfunções do membro superior envolve assimetria. Se um lado do membro superior é mais afetado do que outro, levando à rigidez do latíssimo do dorso em um lado, disfunção da articulação sacroilíaca e assimetria direita/esquerda do complexo lombosacral (Ex: Inclinação do quadril) o subsistema lateral irá desenvolver uma disfunção assimétrica.

Em disfunções do complexo lombopélvico/quadril, o subsistema lateral pode tornar-se disfuncional sob a forma de subatividade do Subsistema Oblíquo Posterior e hiperatividade do Subsistema Longitudinal Profundo, levando à discinesia do complexo lombosacral.

Em disfunções da parte inferior da perna, o subsistema lateral é comumente disfuncional. Isto devido em grande parte à rotação externa relativa da tíbia e rotação interna do fêmur e eversão do tornozelo, levando à instabilidade do membro inferior no plano frontal. Deve ser notado que a disfunção do subsistema lateral é frequentemente pareada com a relação entre os subsistemas descritas abaixo, em que o Subsistema Oblíquo Posterior é subativo e o Subsistema Longitudinal Profundo é hiperativo. A integração entre os subsistemas durante disfunções da parte inferior da perna é o uso mais comum dos exercícios de integração do subsistema lateral.  


Subsistemas, Disfunção Postural e Seleção de Exercícios Integrados:

Os resumos abaixo são destinados à uma referência rápida, na prática, e não ilustram todos os possíveis cenários.
(N.T: Os quadros abaixo são os mesmo apresentados nos artigos anteriores sobre os subsistemas).

Atividades dos Subsistemas Baseado na Disfunção Postural:













     

Efeito no Exercício:







                                          

Resumo:











                           

Seleção de Exercícios:

Se a avaliação de movimento nos leva a crer que o Subsistema Lateral é disfuncional, considere as seguintes mudanças no seu programa de exercícios.

  • Nota: Ao contrário de outros subsistemas, este subsistema não é facilmente rotulado como "subativo" ou "hiperativo". Músculos individuais necessitarão ser avaliados (N.T: Tenho visto na prática que o Método NKT é uma maneira rápida e eficiente de avaliar os componentes dos subsistemas, de maneira individual, isto é, dos músculos que os compõem, para depois avaliar as relações entre as funções musculares desses componentes) para depois então usarmos técnicas inibitórias, de alongamento e de ativação para tratar o comportamento apresentado pelos componentes do subsistema. Somente depois disso usaremos os exercícios de integração do subsistema lateral, resultando em melhores chances do trabalho ser bem sucedido.
    (N.T: Abaixo ele faz várias recomendações baseado no comportamento comum das funções musculares dos elementos do subsistema lateral. Lembro sempre de uma máxima repetida pelo David Weinstock, criador do Método NKT: NÃO EXISTEM ABSOLUTOS! Então as coisas podem se apresentar de maneira diferente).

 Liberar e Alongar:      
        Quadrado lombar
        Adutores
        Tensor da fáscia lata

 Ativar:
       Glúteo médio
       Subsistema intrínseco de estabilização

 Mobilizar: (quando necessário e dentro de seus limites profissionais)
      → Coluna lombar
      → Sacro
      → Quadril


Núcleo:
Use pranchas laterais como parte de sua rotina. Limite a flexão lateral da coluna lombar, já que o quadrado lombar tende a se tornar hiperativo.


Prancha lateral


Integração do Subsistema/Seleção de Exercícios Globais: 
Os exercícios usados para integrar o subsistema podem ser resumidos em "Unipodais com Séries de Ombro - de preferência no Plano Frontal". As roscas (N.T: As famigeradas "roscas bíceps") e séries de ombro são usadas para progressivamente deslocar o centro de massa para cima; criando um maior braço de alavanca para desafiar o subsistema lateral a resistir. 
(N.T: Uma progressão que ilustra o tipo de exercício que o autor usa para integrar o subsistema lateral pode ser visto acima; um step up - ou subida em português - com rosca bíceps e desenvolvimento de ombros).


Treinamento Resistido: 
Não existe diferença entre os exercícios selecionados para Integração do Subsistema e os Movimentos Globais usados no Treinamento Resistido. Se alguém se apresenta com um subsistema lateral subativo, o ideal pode ser continuar com exercícios "Unipodais com Séries de Ombro - de preferência no Plano Frontal". Pode também ser benéfico integrar tanto atividades em uma perna quanto a habilidade individual do executante permitir.
  • Se você escolher usar o mesmo exercício para ambos (Integração dos Subsistemas e Movimentos Globais), então o último exercício do aquecimento será o primeiro do programa de treinamento resistido; sem a necessidade de repetir séries.
  • Se o cliente já solucionou a maioria das suas disfunções, você pode adicionar outros padrões de movimento globais que podem ou não estarem relacionados com sua disfunção de movimento.
  • Poderíamos dizer que uma vez que seja completado um aquecimento integrado; o conhecimento da avaliação de movimento e dos subsistemas irão influenciar, e não ditar, a seleção dos exercícios resistidos.




Bibliografia:

  1. Dr. Mike Clark & Scott Lucette. "NASM Essentials of Corrective Exercise Training". 2011 Lippincott Williams & Wilkins.
  2. Donald. A. Neumann. "Kinesiology of the Musculoskeletal System: Foundations of Rehabilitation" - 2nd Edition. 2012.
  3. Carolyn Richardson, Paul Hodges, Julie Hides. Therapeutic Exercise for Lumbo Pelvic Stabilization - A Motor Control Approach for the Treatment and Prevention of Low Back Pain" - 2nd Edition. Elsevier Limited, 2004.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Subsistema Oblíquo Anterior

Continuando com a série dos subsistemas, desta vez apresentando o Subsistema Oblíquo Anterior.

Aos que não leram o artigo anterior, aí vai o link: Subsistema Longitudinal Profundo.

Link do artigo original: Anterior Oblique Subsystem






Subsistema Oblíquo Anterior

Brent Brookbush


O Subsistema Oblíquo Anterior é composto por:

  • Oblíquo Externo
  • Fáscia Abdominal/Linha Alba
  • Adutores Anteriores Contralaterais
  • Oblíquo Interno
  • Reto Abdominal
  • Nota: O oblíquo interno e o reto abdominal não são tradicionalmente vistos como parte do Subsistema Oblíquo Anterior. No entanto, baseado nas minhas considerações de anatomia, função, pesquisas disponíveis e observações na prática, adicionar estes músculos ao subsistema adiciona congruência ao nosso entendimento de sinergias musculares, comportamento motor e modelos preditivos de problemas de movimento. 

(N.T: A imagem abaixo mostra uma boa representação desse subsistema. Oblíquo interno e adutores do mesmo lado e oblíquo externo do lado contralateral)


Função (resumida):

Estabilização da cadeia cinética anterior (incluindo as articulações da sínfise púbica, quadril e coluna lombar),  transferência de força entre as extremidades inferior e superior, movimentos globais de empurrar, rotação interna da cadeia cinética, desaceleração (contração excêntrica) da supinação global do corpo.


Artrocinemática Funcional:

O Subsistema Oblíquo Anterior é um importante estabilizador da cadeia cinética anterior. Este subsistema tem pouco efeito direto na artrocinemática articular (quando comparado ao Subsistema Oblíquo Posterior e a articulação sacroilíaca); no entanto, está indiretamente envolvido na estabilização da coluna lombar, torácica, gradil costal, sínfise púbica e quadril. 

Esse subsistema é responsável pela desaceleração excêntrica da rotação e extensão da coluna lombar e torácica - um padrão de movimento que pode levar à compressão das articulações facetárias e da parte posterior do disco intervertebral, o que tem sido um indicativo de lesão na coluna lombar.

O subsistema oblíquo anterior também tem envolvimento na desaceleração excêntrica da inclinação pélvica anterior, especialmente em movimentos de empurrar na posição em pé. Como uma inclinação pélvica anterior inclui a extensão lombar, movimentos da articulação sacroilíaca e se não for realizado em base simétrica pode incluir rotação: Da sacroilíaca, da lombar ou mudanças na rotação pélvica, o que pode indicar o envolvimento desse subsistema.  

O subsistema oblíquo anterior estabiliza diretamente a sínfise púbica, embora a relação mais notável entre o subsistema e esta articulação seja a continuidade fascial entre o reto abdominal (um músculo não tradicionalmente colocado como parte do subsistema oblíquo anterior) e o adutor longo. Embora relativamente raro, discinesia (N.T: Discinesia pode ser entendido por anormalidade nos movimentos articulares) da sínfise púbica ocorre e pode ser dolorosa. A função otimizada do subsistema oblíquo anterior bilateral, assegura o controle da rotação, deslizamento superior/inferior e outros movimentos acessórios na sínfise púbica, associados com uma torção pélvica normal durante a marcha.

Disfunção assimétrica no subsistema oblíquo anterior, pode levar à discinesia na coluna lombar e torácica, articulação sacroilíaca e sínfise púbica, através da rotação da coluna e/ou da pelve. Esta disfunção pode se apresentar como rotação, flexão lateral, uma inclinação do quadril (N.T: Hip hike em inglês), inclinação anterior ou posterior de um ou ambos os lados da pelve e discinesia da sínfise púbica. Note que disfunções posturais assimétricas como essa têm sido correlacionada com lesões. No mínimo, estas disfunções irão aumentar a pressão no sistema de movimento humano, levando à sobrecarga de padrões e um ciclo cumulativo de lesões.
Torção pélvica


Função Integrada:

Estes músculos desempenham um papel importante na transferência de forças entre as extremidades superior e inferior e na estabilização da cadeia cinética anterior. O subsistema oblíquo anterior é estressado na maior parte dos movimentos de empurrar e nas rotações da cadeia cinética. Este subsistema também funciona como um desacelerador da "supinação global do corpo"
 (Da extensão com rotação da coluna, extensão, abdução e rotação externa do quadril).
(N.T: Se refere à rotações de toda a cadeia cinética, como aquelas ocorridas nos esportes. O exemplo seria um jogador de futebol que está de costas para o gol, gira o corpo e inicia uma arrancada em direção ao gol adversário. Em primeiro momento o subsistema age como um freio - contração excêntrica - do início até a metade do giro. Em segundo momento realiza uma ação concêntrica para completar o giro para que o atleta dispare em direção à meta adversária). 
A importância da desaceleração da supinação global do corpo pode ser vista durante a "fase de carga" de um arremesso (N:T: Ou fase de contração excêntrica dessa cadeia anterior. Como na preparação de um arremesso; imagem abaixo).
Quando ela realiza o arremesso o subsistema oblíquo anterior realiza uma ação concêntrica

Junto com a função otimizada do Subsistema Intrínseco de Estabilização e Subsistema Oblíquo Posterior, o Subsistema Oblíquo Anterior assegura uma estabilização, alinhamento e movimento ideal do Complexo Lombopélvico/Quadril e uma artrocinemática ótima das articulações do quadril e lombosacra. Embora um tanto simplista, pode ser de valia considerar isso como um subsistema antirotacional/antiextensão - nossa defesa número um contra lesões da coluna lombar. 



Comportamento Motor:

O Subsistema Oblíquo Anterior pode ser apelidado de "O Médico e o Monstro" dos subsistemas. 


  • Em Disfunções do Membro Superior (N.T: Upper Body Dysfunction) o subsistema se encontra hiperativo;
  • Em Disfunções do Complexo Lombopélvico/Quadril (N.T: Lumbo Pelvic Hip Complex Dysfunction) o subsistema se encontra frequentemente sub-ativo;
  • Em Disfunções da Parte Inferior da Perna (N.T: Lower Leg Dysfunction) o subsistema ou não está envolvido ou está hiperativo no caso de uma inclinação anterior excessiva, ou ainda, está sub-ativo no caso da disfunção da parte inferior da perna se apresentar com uma inclinação anterior da pelve;
  • O comportamento e comprimento relativo do subsistema durante Disfunção da Articulação Sacroilíaca (N.T: Sacroiliac Joint Dysfunction) é um pouco mais envolvente do que este artigo irá considerar, mas maiores informações podem ser encontradas neste artigo "Sacroiliac Joint Motion and Predictive Model of Dysfunction" (N.T: Movimento da Articulação Sacroilíaca e um Modelo Preditivo de Disfunções).

Em disfunções do membro superior, o subsistema oblíquo anterior é hiperativo/dominante e faz um par com um subsistema oblíquo posterior sub-ativo/inibido. Isto pode parecer mais óbvio naqueles indivíduos que exibem uma cifose torácica/lombar excessiva. 
No entanto, os fatores que contribuem para a dominância do subsistema oblíquo anterior em disfunções do membro superior podem ser bem mais complexos. Frequentemente durante um agachamento com os braços acima da cabeça (N.T: Overhead squat), o indivíduo irá apresentar sinais de disfunções do membro superior (braços caem à frente, escápula eleva), mas se o agachamento é feito com as mãos na cintura, a dominância do subsistema oblíquo anterior não irá se apresentar (flexão da coluna lombar/torácica e/ou excessiva inclinação à frente). O aumento na atividade do latíssimo do dorso nas disfunções do membro superior pode levar à uma alteração no padrão motor usado para estabilizar o complexo lombopélvico/quadril. Isto é, a dominância sinergística do latíssimo do dorso leva à uma inibição do Subsistema Intrínseco de Estabilização: Seja devido à mudanças na artrocinemática ou a adoção de um padrão compensatório que resulta em um padrão de disparo latente do subsistema intrínseco de estabilização e eventual descondicionamento. 
(N.T: Ou seja, uma atraso na ativação deste subsistema intrínseco de estabilização, crucial para uma estabilização eficiente dos segmentos da coluna vertebral. Esse subsistema tem de disparar antes dos demais para garantir esta estabilização segmentar vertebral).

Em tempo, a falta de estabilização intrínseca gera uma diminuição no limiar de atividade para o recrutamento da musculatura global do tronco, incluindo o subsistema oblíquo anterior (músculos globais tornam-se hiperativos), para estabilizar o complexo lombopélvico/quadril, levando a uma hiperatividade.


(N.T: Ou seja, existe uma hiperatividade de músculos globais, já que o limiar de ativação destes músculos diminui, significando que atividades que anteriormente não atingiam o limiar mínimo de disparo destes músculos, como a demanda de estabilizar a coluna, agora passam a fazer com que eles contraiam. Por outro lado, os músculos do subsistema intrínseco de estabilização: Como o transverso abdominal, multífidos e assoalho pélvico, passam a apresentar um atraso de ativação, não fazendo seu trabalho de maneira eficiente, já que os músculos globais passam a fazê-lo, o resultado disso tudo são disfunções e dores).

Neste caso, provavelmente é melhor evitar exercícios que agravem ainda mais a atividade do subsistema oblíquo anterior, exemplos incluem: pranchas, abdominais tradicionais, chops (N.T: Exercícios de padrões diagonais, feitos de cima para baixo, o que lembra a ação de cortar, provavelmente daí venha o nome "chop", que numa tradução literal pode significar "cortar") e padrões de empurrar em pé. Ao invés disso, o foco deveria ser na ativação do subsistema intrínseco de estabilização e estabilidade estática, incluindo a manobra "drawing-in" (N.T: A manobra de encolher a barriga).

Chop 1/2 ajoelhado no cabo

Na disfunção mais comum do complexo lombopélvico/quadril (A inclinação anterior da pelve) , o subsistema oblíquo anterior se encontra sub-ativo e faz um par com um subsistema posterior oblíquo também sub-ativo. Neste caso, o subsistema oblíquo anterior é incapaz de realizar a inclinação posterior da pelve ou manter uma flexão lombar suficiente para obter uma coluna neutra, um cenário que é concorrente com o grande e sinergisticamente dominante latíssimo do dorso, junto com o ilíaco, puxando o indivíduo para a extensão lombar. Dicas verbais, visuais e táteis para a posteriorização da pelve, reforçando o alinhamento pélvico ideal e a integração do subsistema oblíquo anterior (exercícios de pernas com exercícios de "empurrar" dos membros superiores) são efetivos para melhorar esta disfunção (N.T: Uma maneira mais rápida de lidar com estas e outras disfunções é o uso do Método NKT, uma ferramenta extremamente útil em avaliar e lidar com disfunções musculoesqueléticas. Alguns artigos sobre o método podem ser encontrados aqui neste espaço ou no Blog da Fortius).

Nota
: O uso de um exercício de integração do subsistema oblíquo anterior em alguém que tem uma inclinação pélvica anterior frequentemente melhora o alinhamento do complexo lombopélvico/quadril, mas em alguns casos resulta em uma inclinação anterior excessiva. Neste caso, é apropriado seguir um 
exercício de integração do subsistema oblíquo anterior com um de integração do subsistema oblíquo posterior.

subsistema oblíquo anterior geralmente não está envolvido com disfunções na parte inferior da perna: No entanto, alguns indivíduos se apresentam com disfunção na parte inferior da perna e uma inclinação anterior do tronco ou inclinação pélvica anterior. No caso da inclinação anterior do tronco, evite exercícios que possam aumentar a atividade desta musculatura e ao invés disso, ponha o foco na ativação do subsistema intrínseco de estabilização e integração do subsistema oblíquo posterior. No caso de uma inclinação pélvica anterior, considere as sugestões dadas acima, onde foi tratada as disfunções do complexo lombopélvico/quadril. 



Adições ao Subsistema Oblíquo Anterior:

Relação entre os tendões do reto abdominal e adutor longo 


Reto Abdominal:

Pode o reto abdominal ser parte do Subsistema Oblíquo Anterior?
O reto abdominal é envelopado pela bainha do reto e a fáscia do transverso abdominal e é divido pela linha alba. Estas estruturas auxiliam na transmissão de força e podem influenciar o tônus dos músculos envolvidos por elas. Isso incluiria o reto e os oblíquos abdominais. Além disso, os tendões do reto abdominal e a linha alba são revestidos com uma fáscia superficial que continua até os tendões dos adutores anteriores. Na essência, a fáscia abdominal tem uma continuidade a partir do abdome, através da sínfise púbica até os tendões dos adutores anteriores e a fáscia superficial da parte anterior da coxa. A idéia da continuidade fascial e de recrutamento sinérgico muscular para o movimento do tronco são de fato as ideias centrais que levaram ao conceito dos subsistemas do núcleo (N.T: Núcleo na tradução da palavra core. Que é como muitas vezes eles chamam os subsistemas: "Core Subsystems"). Embora o Subsistema Oblíquo Anterior seja tradicionalmente apresentado como: Oblíquo externo, fáscia abdominal e adutor longo contralateral (excluindo o reto abdominal) - a relação fascial mais notável na realidade é entre o tendão do reto abdominal e o tendão do adutor longo.

O reto abdominal é ativo durante todas funções do subsistema oblíquo anterior. Flexionar o tronco, rotação interna da cadeia cinética, pronação e supinação do corpo, assim como na transferência de forças entre as extremidades inferior e superior - todas estas ações requerem 
uma atividade otimizada do reto abdominal.

Além disso, a atividade muscular e comprimento relativo do reto abdominal quando analisado em relação à disfunções posturais e de movimento, combina perfeitamente com a atividade do subsistema oblíquo anterior. Eu tenho apelidado este subsistema de "O Médico e o Monstro", porque ao contrário de outros subsistemas ele pode estar hiper ou hipoativo dependendo do padrão de compensação apresentado:

 Em disfunções do complexo lombopélvico/quadril, está frequentemente sub-ativo assim como o reto abdominal.


 Em disfunções do membro superior, está hiperativo, assim como o reto abdominal.

 Em disfunções da parte inferior da perna, a posição relativa da pelve dita seu comportamento e o reto abdominal segue sua tendência.

→ Em disfunções da articulação sacroilíaca, está frequentemente hiperativo no lado da disfunção e sub-ativo no lado contralateral, embora não seja possível trabalhar somente um lado do reto abdominal, lesão e o padrão de dor sugerem que o reto segue novamente o comportamento do subsistema oblíquo anterior.

Muito frequentemente, a hiperatividade do subsistema oblíquo anterior vem em par com sub-atividade do subsistema oblíquo posterior.

Em minha humilde opinião, as idéias acima deveriam levar à inclusão do reto abdominal no subsistema oblíquo anterior. A seleção de exercícios deveria ser considerada em conjunto com este subsistema, para todas as modalidades: Liberação, alongamento, ativação e exercícios para o núcleo (N.T: Núcleo: Tradução da palavra "core"). E na integração do subsistema nas atividades físicas, reabilitação e treino de melhora da performance esportiva.


Oblíquo Interno:
A fáscia superficial abdominal e a linha alba são investidas pelos oblíquos interno e externo e o reto abdominal. Esta continuidade fascial, junto com a função compartilhada faz com que, muitas vezes, fique difícil apontar quando estes músculos não estão agindo sinergisticamente. O oblíquo interno assiste na rotação da coluna com uma co-contração (N.T: Contração conjunta) do oblíquo externo contralateral. Sem essa co-contração, o oblíquo externo iria produzir flexão lateral e/ou puxaria o reto abdominal e a linha alba lateralmente, resultando em movimento ineficiente. O oblíquo externo tem uma direção de fibras mais vantajosa em termos mecânicos e uma área de secção transversa maior, mas essa necessária sinergia entre os oblíquos interno/externo resulta em um par inseparável.

Os oblíquos internos também são sinergistas para todos movimentos e atividades associadas com o Subsistema Oblíquo Anterior, desde a estabilização do tronco e transmissão de força para flexão e rotação ipsilateral da coluna até a desaceleração da supinação (N.T: Se refere à supinação global do corpo). Embora o oblíquo interno seja o terceiro em habilidade de produzir força, atrás do oblíquo externo e do motor primário, o reto abdominal, este músculo está envolvido em todas atividades do subsistema oblíquo anterior.   

Finalmente, a pesquisa mostra que o oblíquo interno está ativo durante potencialmente a mais importante função do subsistem oblíquo anterior. O oblíquo interno é um estabilizador importante quando o corpo resiste a uma carga externa significativa, especialmente quando o vetor da carga é anterior para posterior (N.T: Ou seja, quando o corpo recebe a carga de frente). O uso da musculatura global do tronco para estabilizar a coluna é frequentemente chamada de "bracing" e inclui contrações isométricas de toda a musculatura do tronco, incluindo os oblíquos internos (N.T: Numa linguagem popular, o bracing seria aquela técnica de "firmar" a parede abdominal). Existe algum debate se este músculo é verdadeiramente um músculo global ou parte do Subsistema de Estabilização Intrínseco; no entanto, o trabalho de Richardson et al. aponta em direção à um padrão de recrutamento que liga este músculo com o reto abdominal e o oblíquo externo.
(N.T: No sentido de o oblíquo interno ser um músculo com uma característica parecida com a do reto abdominal e o oblíquo externo, ou seja, um músculo que desempenha movimentos globais. Ao invés de ser um músculo que tenha características como a do transverso abdominal, que garante a integridade da coluna).

Presumindo que este músculo seja parte do sistema muscular global, ele teria o mesmo comportamento do oblíquo externo durante disfunção postural, resultando na mesma seleção de exercícios. Se por acaso acontecer deste músculo ser parte do Subsistema Intrínseco de Estabilização, então o consideraríamos durante a ativação do Subsistema Intrínseco/Transverso Abdominal, no entanto, isto não mudaria nossa seleção de exercícios.




Subsistemas, Disfunção Postural e Seleção de Exercícios Integrados:

Os resumos abaixo são destinados à uma referência rápida, na prática, e não ilustram todos os possíveis cenários.
(N.T: Os quadros abaixo são os mesmo apresentados no artigo sobre o subsistema longitudinal profundo).



Atividades dos Subsistemas Baseado na Disfunção Postural:













     

Efeito no Exercício:







                                          

Resumo:











                           

Seleção de Exercícios:

Se a avaliação de movimento nos leva a crer que o Subsistema Oblíquo Anterior é sub-ativo (Inclinação Pélvica Anterior), considere as seguintes mudanças no seu programa de exercícios.

Núcleo:
(N.T: Tradução de "Core")
Pode ser benéfico adicionar pranchas, abdominais tradicionais (N.T: O que os americanos chamam de crunch, aquele abdominal feito com a lombar no solo, fazendo a flexão) e padrões de "chops" na porção de ativação do núcleo em um aquecimento integrado.

Integração do Subsistema/Seleção de Exercícios Globais: 
Os exercícios usados para integrar o subsistema podem ser resumidos em "pernas com empurrar" (N.T Um avanço com empurrar na horizontal por exemplo). Por causa da dificuldade inerente destes exercícios pode ser necessário usar uma progressão estática de chop e de empurrar na horizontal em pé (N.T: Empurrar na horizontal seriam as variações de supino) como pré-requisitos antes de progressões mais avançadas.
Avanço com empurrar na horizontal 


Treinamento Resistido:
Não existe diferença entre os exercícios selecionados para a Integração dos Subsistemas usados no aquecimento e os Movimentos Globais usados no Treinamento Resistido (N.T: Os americanos usam o termo "Resistance Training" que pode ser traduzido por Treinamento de Resistido ou Treinamento de Resistência, embora esse último gere confusão em português. Já que o termo se refere ao treinamento com sobrecarga, seja ela anilha, borracha, máquinas com cabos, etc.).
Se alguém se apresenta com um Subsistema Oblíquo Anterior sub-ativo, pode ser ideal continuar a usar "exercícios de perna com empurrar" durante Movimentos Globais. Se você escolher usar o mesmo exercício para ambos (Integração dos Subsistemas e Movimentos Globais), então o último exercício do aquecimento será o primeiro do programa de treinamento resistido; sem a necessidade de repetir séries. Se o cliente já solucionou a maioria das suas disfunções, você pode adicionar outros padrões de movimento globais que podem ou não estarem relacionados com sua disfunção de movimento.

Progredir movimentos de tronco para exercícios sem um suporte estável para as costas. Por exemplo, empurrar na horizontal em pé, e/ou puxadas em base ajoelhada. Pode ser uma boa jogada limitar movimentos de empurrar acima da cabeça (N.T: O que seria classificado como um padrão de empurrar na vertical, as variações de desenvolvimento de ombros) até seja obtida uma melhor estabilização do Complexo Lombopélvico/Quadril.

Poderíamos dizer que uma vez que seja completado um aquecimento integrado; o conhecimento da avaliação de movimento e dos subsistemas irão influenciar, e não ditar, a seleção dos exercícios resistidos.


Se a avaliação de movimento nos leva a crer que o Subsistema Oblíquo Anterior é hiperativo (Disfunção no Membro Superior, Excessiva Inclinação à Frente), considere as seguintes mudanças no seu programa de exercícios.


Núcleo:
Pode ser benéfico evitar pranchas, abdominais tradicionais, e progressões de chops
na porção de ativação do núcleo em um aquecimento integrado e passar mais tempo em ativações do transverso abdominal e pontes (N.T: Ponte é um exercício, já bem conhecido, de ativação de glúteos e cadeia posterior).

Integração do Subsistema/Seleção de Exercícios Globais: 
Evite a integração do subsistema oblíquo anterior e coloque o foco em integração do subsistema oblíquo posterior: Os exercícios usados para integrar este subsistema podem ser resumidos em "perna com puxada" (N.T: Um agachamento com remada usando cabo/borracha por exemplo).
Agachamento com remada


Treinamento Resistido:
Se alguém se apresenta com um subsistema oblíquo anterior hiperativo, pode ser ideal continuar a usar "perna com puxada (Integração do Subsistema Oblíquo Posterior)" durante Movimentos Globais.

Pode ser necessário limitar movimentos de ombro acima da cabeça até que seja obtida uma melhor estabilização do Complexo Lombopélvico/Quadril.


Bibliografia
:

  1. Dr. Mike Clark & Scott Lucette. "NASM Essentials of Corrective Exercise Training". 2011 Lippincott Williams & Wilkins.

  2. Donald. A. Neumann. "Kinesiology of the Musculoskeletal System: Foundations of Rehabilitation" - 2nd Edition. 2012.

  3. Carolyn Richardson, Paul Hodges, Julie Hides. Therapeutic Exercise for Lumbo Pelvic Stabilization - A Motor Control Approach for the Treatment and Prevention of Low Back Pain" - 2nd Edition. Elsevier Limited, 2004.